Brincando de projetar ou projetar brincando


Você, estudante de arquitetura, consegue se divertir ao projetar? se costuma iniciar os trabalhos direto na opressora, monótona, insossa tela preta (ou cinza ou pior, branca!) do AutoCAD, provavelmente não.

Neste momento, se você está pensando “mas eu não sei projetar de outro jeito”, culpe seus professores. Comece pelo PA1 e vá distribuindo, em ordem decrescente, a culpa entre seus professores de projeto até o momento. Pronto?

Agora pegue 50% dessa culpa e transfira a você mesmo. Até porque se a essa altura do curso você ainda não percebeu que suas mãos são o melhor instrumento de projeto que você tem, a coisa tá feia pro teu lado.

“Ah, mas eu uso programas mais intuitivos como o Sketch up”, ou melhor, “sou o fera do Revit. Aquele programa que faz tudo praticamente sozinho”. Se você não se defende bem no bom e velho risco, se não sabe elaborar desenhos conceituais, definir o partido arquitetônico, explicá-lo em poucos traços, falta muito arroz-com-feijão até você projetar direito.

O melhor de tudo? dá para se divertir projetando! rabiscar é legal! mesmo que seu desenho seja um “garrancho”, se ele tiver um princípio gerador, escala e proporção você está no caminho certo.

Lembra-se do LEGO? Que tal brincar de lego e aproveitar para verificar se aquela volumetria desenhada por você faz algum sentido e de quebra arrancar suspiros entusiasmados e lágrimas sinceras do seu professor?

O LEGO Architecture Studio Kit, por exemplo, é composto por mais de 1200 peças brancas e transparentes,que permite criar um número considerável de possibilidades volumétricas, garantindo total liberdade ao usuário.

LEGOArchitectureKit2

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Ele ainda vem com um guia de 272 páginas,contendo exercícios criados por arquitetos do mundo todo.

Se você ainda estiver em dúvida se essa é a profissão certa para você, eis uma ótima oportunidade. Se você não jogar tudo pela janela nas primeiras tentativas, existem grandes possibilidades de sucesso.

Se você é amante da tecnologia, daqueles que decidiram pela arquitetura de tanto jogar “The Sims”, programas de desenho a mão no tablet, por exemplo (eu uso o Paper 53, para iPad: https://www.fiftythree.com/paper), são uma boa pedida. Ágeis, práticos e com vários recursos de acabamento, já me salvaram inúmeras vezes.

Croqui de uma pequena residência feito no Paper 53 para iPad. Autor: Ricardo Meira
Croqui de estudo de um edifício comercial, feito no Paper 53 para iPad. Autor: Ricardo Meira

O importante, fundamental, é que não se perca o tesão pelo desenho. Nossa profissão permite que o processo seja tão ou mais divertido do que o resultado. Isso é raro.

Procure cultivar isso na sua vida acadêmica. Se já for arquiteto, tente recuperar o prazer perdido. Transforme o desenho livre, a maquete de estudo, em “viagras arquitetônicos”. Dá resultado.

Um segredo: ao contratar estagiários damos muito mais valor àqueles estudantes que têm habilidade, segurança, coragem para criar, conceber espaços do que aos meros “garotos de programa” (parafraseando meu amigo Leonardo Inojosa). Não precisa ser arquiteto para operar um software.

O mais bacana na nossa profissão é a possibilidade de se divertir enquanto se trabalha. Todo processo criativo tem um componente lúdico que não pode ser perdido.

Fica a dica!

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